Disney e Marvel Studios enfrentam controvérsia após realizarem scans completos dos corpos e rostos dos figurantes de WandaVision, levantando preocupações sobre o uso da tecnologia de inteligência artificial (IA) no lugar de atores reais em futuros projetos. Uma das figurantes da série, Alexandria Rubalcaba, denunciou a situação ao NPR, alegando que não recebeu informações suficientes sobre como sua aparência seria utilizada no futuro, nem recebeu um contrato específico para tal finalidade.
O processo de escaneamento dos figurantes ocorreu durante as filmagens de WandaVision, onde todos os outros figurantes presentes também foram submetidos a ele. Eles foram chamados para um trailer, onde suas expressões e movimentos foram registrados por câmeras em um processo que durou cerca de 15 minutos. Entretanto, a Disney não forneceu detalhes sobre onde ou como suas aparências seriam utilizadas posteriormente.
Alexandria Rubalcaba expressou preocupação em relação à possibilidade de suas imagens serem utilizadas em projetos futuros sem seu consentimento ou conhecimento. A falta de um contrato específico e a ausência de remuneração adicional além do pagamento diário mínimo dos figurantes, que é de US$ 187, também foram motivo de descontentamento.
"E se eu não quiser aparecer em MarioVision, ou SarahVision?", ironizou Rubalcaba, referindo-se a uma possível utilização de sua imagem em futuras produções sem seu consentimento. Ela teme que a inteligência artificial avance a tal ponto que os estúdios não precisem mais de figurantes reais em cena, o que poderia impactar negativamente a carreira de atores e figurantes.
Essa questão do uso de inteligência artificial no lugar de figurantes tornou-se um tema central de discordância entre o SAG-AFTRA (Sindicato dos Atores de Hollywood) e os representantes dos grandes estúdios (AMPTP - Alliance of Motion Picture and Television Producers). As negociações iniciais entre as duas instituições não conseguiram definir novos parâmetros regulatórios para o uso de IA em produções, o que resultou, em parte, na greve dos atores.
O SAG-AFTRA propõe que os estúdios solicitem permissão aos atores escaneados antes de utilizar suas imagens em qualquer produção futura. Essa abordagem visa garantir que os atores tenham controle sobre o uso de sua imagem e possam tomar decisões conscientes sobre seu trabalho. Já a AMPTP defende que um único contrato oferecendo permissão para o uso da imagem dos atores seria suficiente para qualquer projeto futuro, o que levanta questões sobre a proteção dos direitos e privacidade dos atores.
A greve dos atores, que envolve também os roteiristas, destaca a importância dessas questões para a indústria do entretenimento. A busca por um equilíbrio entre o avanço tecnológico e a proteção dos direitos dos profissionais do setor é essencial para o futuro da produção cinematográfica e televisiva. Enquanto as negociações continuam, a discussão sobre o uso ético e responsável da inteligência artificial em Hollywood está longe de chegar ao fim.