Escolas fechadas por bactéria: entenda o que é escarlatina e a diferença da doença para amigdalite

Gustavo Mendex



Surto de Escarlatina e Amigdalite Desencadeia Suspensão de Aulas em Cidades Brasileiras


Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 2023 - Um surto de escarlatina e amigdalite tem alarmado comunidades no Brasil, com escolas sendo fechadas em várias cidades devido à disseminação dessas doenças contagiosas. Recentemente, em Felício dos Santos, no Vale do Jequitinhonha, a suspensão das aulas ocorreu após 27 pessoas serem diagnosticadas com escarlatina, uma doença provocada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Além disso, quatro outras cidades também cancelaram atividades escolares devido à possível infecção pela mesma bactéria. Enquanto isso, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São João del-Rei, mais de 130 crianças foram atendidas em três dias com sintomas de amigdalite, outra infecção provocada por Streptococcus pyogenes.


Mas, afinal, qual é a diferença entre escarlatina e amigdalite? Qual é a relação entre esses casos? Quais são os sintomas e os tratamentos? A Itatiaia buscou respostas com o infectologista Estevão Urbano para esclarecer essas questões.


A escarlatina é uma doença infecciosa e contagiosa que geralmente ocorre em crianças em idade escolar, especialmente durante a primavera. Ela é transmitida pela mesma bactéria que causa a amigdalite e outras doenças, como artrite, pneumonia, endocardite, impetigo e erisipela. A transmissão ocorre pelo contato direto com a saliva ou a secreção nasal de pessoas doentes ou portadoras da bactéria, mesmo que não apresentem sinais da doença.


O infectologista Estevão Urbano explicou que os pacientes que desenvolvem escarlatina geralmente são crianças, embora a condição possa ocorrer em qualquer faixa etária. "Normalmente, a escarlatina ocorre após uma infecção de garganta ou de pele causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Inicialmente, a pessoa apresenta sintomas da infecção primária, como dor de garganta intensa, febre, lacas na garganta, sensação de mal-estar e calafrios", explicou.


Após dois dias, a bactéria pode liberar toxinas no sangue, levando ao aparecimento dos sintomas específicos da escarlatina. "As manchas vermelhas aparecem em todo o corpo, começando geralmente na barriga e no tronco, e depois se espalham. Essas manchas geralmente não afetam as regiões ao redor dos lábios, palmas das mãos e sola dos pés. Além disso, um sintoma característico é a língua em framboesa, que fica vermelha e brilhante", acrescentou o especialista.


Entre os sintomas comuns estão o início repentino de calafrios e febre alta, dor de garganta intensa, manchas vermelho-escarlate ásperas na pele, língua em framboesa, mal-estar, falta de apetite, aumento dos gânglios do pescoço, dor no corpo, náuseas e vômitos.


O diagnóstico da escarlatina é principalmente clínico. O médico pode solicitar exames laboratoriais para confirmar a presença da bactéria no organismo, incluindo testes rápidos que detectam antígenos bacterianos em exames de garganta ou lesões na pele. Estes testes podem fornecer resultados em algumas horas ou minutos. Além disso, existe o exame de cultura, que demora de dois a três dias para ficar pronto.


A amigdalite, por outro lado, pode ser causada pelo Streptococcus pyogenes, por outras bactérias e até mesmo por vírus. O Dr. Urbano explicou que, em alguns casos de amigdalite, toxinas caem na circulação e provocam a vermelhidão na pele, resultando em manchas conhecidas como escarlatina. Contudo, essa condição é uma consequência da amigdalite e não ocorre em todos os casos.


Diante desse cenário preocupante, é essencial que as comunidades estejam cientes dos sintomas e busquem atendimento médico imediatamente se houver suspeita de infecção. A prevenção inclui medidas básicas de higiene, como lavar as mãos frequentemente, evitar o compartilhamento de objetos pessoais e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar.


A situação está sendo monitorada de perto pelas autoridades de saúde, que estão implementando medidas preventivas para conter a disseminação dessas infecções. A conscientização e a cooperação da comunidade são essenciais para superar esse desafio de saúde pública.

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