O Caso Maníaco do Parque: O Serial Killer que Abalou São Paulo

Gustavo Mendex


  "O Maníaco do Parque: A Odisseia de Terror que Abalou a Zona Sul de São Paulo"

Durante o sinistro ano de 1998, uma série de estupros e assassinatos lançou um véu de terror sobre os moradores da Zona Sul de São Paulo. Apelidado de "maníaco do parque", um motoboy chamado Francisco de Assis Pereira emergiu como o responsável por uma trágica série de eventos que ceifou a vida de, pelo menos, 10 mulheres no vasto Parque do Estado, uma área verde de 550 hectares que ele conhecia como poucos.

A estratégia adotada por Francisco para cometer esses atos bárbaros envolvia a abordagem de jovens de classe baixa, se fazendo passar por um agente de modelos. Através de promessas de dinheiro e fama, ele as seduzia com a oferta de um suposto "ensaio fotográfico" na beleza natural do parque. Porém, uma vez no meio da mata, essas vítimas eram cruelmente estupradas e, posteriormente, estranguladas.

A vida tumultuada de Francisco de Assis Pereira é parte crucial dessa trágica narrativa. Vítima de abusos por parte de sua tia materna durante a infância, ele desenvolveu uma fixação por seios. Além disso, devido a um incidente traumático na juventude, em que seu órgão sexual foi mordido, ele sempre enfrentou dificuldades em estabelecer relações com outras pessoas.

O laudo psiquiátrico elaborado após sua prisão pelo Dr. Paulo Argarate Vasques destacou que Francisco cresceu traumatizado por ter sido criado próximo a um matadouro de bois. O relatório ressaltou que "uma das coisas que Francisco via na infância era um matadouro, e ele ficava lá sentado. Para uma pessoa jovem, é um trauma terrível ver bois sendo mortos".

Aos 30 anos, ele começou a trabalhar como motoboy nas proximidades da estação Jabaquara do metrô de São Paulo. Usando sua moto como isca, Francisco estacionava próximo às estações e abordava potenciais vítimas, identificando-se como um caça-talentos. As mulheres eram persuadidas por sua personalidade extrovertida e habilidades de persuasão.

As autoridades iniciaram investigações no Parque do Estado após receberem denúncias de que um homem estava aterrorizando aquela área. Três mulheres haviam registrado tentativas de estupro na região, fornecendo pistas que culminaram em um retrato falado do suspeito, posteriormente entregue através de uma denúncia anônima por telefone.

Seguindo o telefonema anônimo, as autoridades foram conduzidas a uma empresa de transporte no bairro Brás, em São Paulo. Lá, no dia 15 de julho de 1998, os policiais descobriram que o maníaco do parque era empregado como motoboy e havia desaparecido três dias antes.

No local, foram encontrados fragmentos da carteira de identidade de uma das vítimas, um jornal com o retrato falado do criminoso e um bilhete enigmático contendo as palavras: "Infelizmente tem de ser assim, preciso ir embora. Deus abençoe a todos". Depois de passar 23 dias foragido, ele foi capturado em Itaqui, no Rio Grande do Sul

Oficialmente, 16 pessoas foram confirmadas como vítimas do maníaco do parque, com 9 casos de estupro e 7 de assassinato. Em suas declarações, o serial killer mudou várias vezes o número de pessoas que teria matado. Na última vez que se pronunciou, em 2001, afirmou ter assassinado 15 mulheres.

Entre janeiro e agosto de 1998, os corpos das vítimas do maníaco do parque foram sendo encontrados, aos poucos, espalhados pelo Parque do Estado. Todas estavam de joelhos, o que se acredita ser uma representação mórbida dos bois que Francisco presenciou serem mortos em sua infância, e apresentavam sinais de violência sexual.

Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, o assassino em série descreveu seus crimes com uma frieza perturbadora: “Me aproximava das meninas como um leão se aproxima da presa. Eu era um canibal. Jogava tudo o que eu podia para conquistá-las e levá-las para o parque, onde eu acabava matando e quase comendo a carne. Eu tinha uma necessidade louca de mulher, de comê-la, de fazê-la sentir dor. Eu pensava em mulher 24 horas por dia".

Quanto ao destino do maníaco do parque, apesar de sua condenação a 280 anos de prisão por homicídio, estupro, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver, a Legislação Brasileira estabelece um tempo máximo de reclusão de 30 anos para um detento. Portanto, Francisco deve ser liberado da prisão em 2028, a menos que haja alterações nas leis.

Mesmo sob custódia e comprovadamente culpado, o assassino não deixou de exercer uma influência negativa sobre diversas mulheres pelo país. Em apenas um mês de detenção, ele acumulou mais de mil cartas e pedidos de casamento, inclusive casando-se com uma das remetentes em 2002.

Atualmente, o maníaco do parque está detido na Penitenciária de Iaras, no interior de São Paulo, passando suas tardes solitárias no pátio do Pavilhão 3, ocupando-se com a confecção de tapetes e toalhas para banheiros. Os psiquiatras que trataram do caso preveem que, dado seu estado mental, Francisco inevitavelmente tentará cometer novos crimes assim que for solto.

Devido à sua falta de interesse por exercícios e seu estilo de vida sedentário, o serial killer ganhou peso durante sua estadia na prisão, e com uma altura de 1,70 metro, agora pesa mais de 100 quilos. Atualmente, seu maior medo é ser infectado pelo COVID-19.

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